Dois lousadenses distinguiram-se no Campeonato Mundial de Artes Marciais 2019, realizado em Caldas da Rainha, de 11 a 14 de abril. O cristelense Ricardo Fonseca conseguiu três medalhas de ouro, tal como Mariana Loureiro, da Aparecida.
Ricardo Fonseca

Hall of Fame: Mérito Desportivo
Bi-Campeão Mundial: Creative Hempty Hands Forms /Sénior – Open
Campeão Mundial: Creative Weapons Forms / Sénior – Open
Campeão Mundial: SinoVietnamits Forms / Sénior – Black Belts
Mariana Loureiro
Campeã Mundial formas.
Campeã Mundial Rumble Wac
Campeã Mundial Semi Wac
Uma excelente participação da atleta e delegação Dojo Marcial HM.
Em declarações ao nosso jornal, o atleta, da Associação de Artes Marciais e Desportos de Combate do Vale do Sousa (AAMDCVS), considera que este é o momento “mais alto” da sua carreira: “Estou muito orgulhoso do que fiz. Não estava à espera de ganhar estes 3 ouros. Foi difícil participar nesta competição, pois foi tudo custeado por mim. Não tive nenhum apoio”, lamenta o atleta, acrescentando que, com mais apoio, poderá conseguir participar em novas.

Numa área em que os participantes são essencialmente homens, Mariana Loureiro, de apenas 7 anos destacou-se. Há cerca de ano e meio, tomou conhecimento das artes marciais na escola e resolveu experimentar. O gosto cresceu quando começou a ganhar prémios. “Não é para andar à pancada, é sim para eu ter mais defesas, pois já precisei”, afirma.
Valter Loureiro, pai de Mariana, reconhece que é preciso muita força de vontade para praticar artes marciais, da parte dos atletas e dos pais. Diz ainda que o sucesso é uma conjugação do “jeito” com o treino realizado com o instrutor.
Treinador do ano
Natural de Caíde de Rei, Hélder Henrique Peixoto Moreira, de 39 anos, é fundador e vice-presidente da Associação de Artes Marciais e Desportos de Combate do Vale do Sousa (AAMDCVS). O seu interesse pelas artes marciais adveio da visualização de filmes com essa temática, “conjugada com a vontade de fazer exercício físico, de atingir algumas metas e, principalmente, a defesa pessoal”, explica. Apaixonado pelo Gung-Fu e Boxe Chinês, começou em 1995 como praticante e é, desde 2001, instrutor em formação e Mestre, com escolas a cargo.
O reconhecimento maior do seu trabalho chegou o ano passado, com o prémio “Treinador do ano”, na Gala do Desporto. “Foi um prémio inesperado. Recebido com muito agrado e respeito por todos os outros treinadores, pois o nosso trabalho na sociedade, a meu ver, é muito importante, mas desconhecido e habitualmente sem reconhecimento”, afirma.
No Campeonato Mundial, estiveram presentes 50 países e cerca de 8000 atletas: “Mais dois ou três anos e teremos mais visibilidade na comunicação social”, espera Hélder Moreira. A Associação conquistou mais de cinquenta medalhas neste campeonato: “Tem muito para crescer nesta modalidade, mas é um orgulho para nós”, diz Hélder.
A prova mundial na qual participaram alguns dos seus atletas é importante: “Diz muito, não só a mim como a todos os que lá participam”. Há 10 anos que a Associação participa, sempre com um elevado número de atletas e “conquista muitos pódios. Somos já muito respeitados pelos adversários”, diz, com orgulho.

Sobre as conquistas da atleta Mariana Loureiro, diz que era algo esperado, pelo treino contínuo semanal. “Se os levamos para estes palcos é porque têm valor”, garante. “A Mariana é uma atleta muito nova e, assim, torna-se muito mais fácil introduzir o nosso método. É uma atleta que precisa de muita liderança e pulso forte, pois, como é muito ativa, vê e aprende mais rapidamente, o que é muito bom, mas há necessidade de saber lidar com as adversidades que isso também traz”, explica. Sobre o futuro, é expectável, segundo o treinador, que tenha um desempenho acima da média
O início e a viagem à China
Em Lousada, tudo começou há vários anos: “Começamos com os 4 mestres. Temos neste momento 2 escolas em Lousada com atletas já com muitas participações em mundiais, nacionais e regionais”, afirma.
A sede de mais conhecimento levou Hélder Moreira e Paulo Sousa à China, onde chegaram a estar três semanas, “aprendendo com o nosso Mestre e Guardião do estilo. Andamos por diversos países a aprender para que, bebendo diversas vezes da fonte, nada faltasse aos nossos seguidores”, conta.
Os quatro amigos voltaram a juntar-se, mais tarde, e decidiram criar a Associação em Lousada, com “4 estrelas, uma para cada fundador”, explica.
Segundo Hélder, “Lousada respira muito da arte marcial, sempre com grandes atletas e instrutores muito acima da média, muitas vezes passando despercebidos na sociedade lousadense, culpa minha certamente, pois 80% das vezes não damos conhecimento”, refere.
A falta de tempo, pois Hélder não faz deste desporto profissão, e os apoios financeiros são as principais dificuldades: “A maioria dos atletas não participa mais em grandes provas por falta de meios financeiros”, lamenta.
No futuro, pretendem “ser mais proativos na divulgação da atividade, trazendo às escolas mais gente e levando Lousada a mais provas mundiais e europeias”, refere.
Por isso, apela a que os lousadenses lhes façam uma visita e experimentem as artes marciais: “Fazer uma arte marcial é ter mais controlo, respeito, força mental, humildade e estar muito mais alerta para as dificuldades da nossa vida terrestre”, garante.
Locais e horário:
Caíde de Rei, Junto ao Campo de Futebol – segundas e quintas, às 20h
Lousada: Complexo Municipal, Lousacorpus – terças e quintas, às 20h
parabéns mariana beijinhos