Por altura da criação do Cais Cultural em 2008, o fundador António Meireles lançou o desafio à Patrícia Queirós (atriz de profissão e apaixonada pela cultura e por Caíde) no sentido de criar um grupo de teatro amador residente no Cais. Ora, o desafio foi prontamente aceite pela Patrícia e 10 anos depois o grupo é um dos maiores projetos do Cais Cultural e ainda hoje a atriz patricipa no projeto. A partir de 2014, a Patrícia passou a direção do grupo para Luís Peixoto, responsável também pela Associação Albano Moreira da Costa, ficando ela apenas com a responsabilidade artística. Aproveitando o fecho do Festival FESTAC, fomos conhecer melhor este grupo entrevistando o seu responsável, Luís Peixoto:

Fale-nos da primeira iniciativa deste grupo.
Digamos que a primeira iniciativa foi a realização de uma pequena animação na inauguração do Cais Cultural em dezembro de 2008. No entanto, oficialmente o grupo foi apresentado à comunidade no dia 27 de março de 2009 (Dia Mundial do Teatro) com a estreia da peça de teatro “O Avarento” (criado e encenado por Patrícia Queirós), com 20 pessoas em palco. Ainda hoje me lembro dessas duas atividades, principalmente da estreia da peça em que o Cais Cultural estava a abarrotar de público. Nessa altura já fazia parte do grupo e, 10 anos depois, continuo no grupo e com a responsabilidade da sua direção desde 2014.
Que balanço faz destes dez anos?
São 10 anos do Teatro da Linha 5 extremamente positivos e isso reflete-se no nosso trabalho e vitalidade. Já passaram pelo grupo dezenas de elementos, perto de cinquenta peças e animações, dezenas de palcos já pisados, mas principalmente milhares de pessoas que já riram connosco. É pelo público e para o público que trabalhamos e queremos fazer sempre mais e melhor. Queremos continuar a fazer do Teatro da Linha 5 um grupo de referência na região.

Quais são os momentos mais importantes deste projeto? E os mais difíceis?
Ao longo dos 10 anos destacamos alguns momentos importantes: a criação do festival de teatro amador, a participação no Biofest, a realização de teatro de rua (com especial participação no Mercado Histórico de Lousada), e o aumento considerável da itinerância de peças de teatro (cerca de 40 representações desde 2016). Os momentos mais difíceis são quando queremos ter cenários e figurinos mais elaborados, mas infelizmente os nossos recursos financeiros não o permitem. Tentamos sempre com pouco fazer muito.
Caracterize-nos o momento atual do grupo Teatro Linha 5.
Neste momento passamos por uma fase muito boa, com vários projetos e apresentações marcadas, com destaque para o teatro de proximidade (projeto Cais na Rua), onde faremos apresentações de peças ao ar livre em diferentes concelhos e ainda a participação no projeto de teatro comunitário sobre o Zé do Telhado, numa comunhão entre atores profissionais e amadores do concelho. Partilho que, infelizmente, já nos vemos obrigados a rejeitar convites atendendo à limitação de datas disponíveis.
Uma das principais iniciativas é o Festival de Teatro. Como surgiu?
A ideia da criação do festival surgiu no final de 2015, no sentido de podermos receber vários grupos pelos quais já tínhamos passado, por forma a cumprir as permutas teatrais. Ora, em 2016, realizámos o primeiro festival e, desde então, queremos fazer do Cais Cultural uma referência a nível do teatro amador, com a realização do FESTAC entre março e abril, por ocasião do aniversário do grupo e Dia Mundial do Teatro.
Como correu esta 4.ª edição do Festival?
O 4º FESTAC foi um sucesso. Os grupos de teatro participantes apresentaram peças de muita qualidade e a adesão do público foi muito boa. Durante as cinco noites de teatro tivemos cerca de 500 pessoas a assistir e perto de 80 elementos dos grupos de teatro, entre atores e técnicos. Ficou evidente que é uma atividade para perdurar.
Quais são as maiores dificuldades na realização desta iniciativa?
As principais dificuldades prendem-se com os poucos recursos financeiros da associação, que limitam as formas de divulgação do evento, as refeições servidas aos grupos e os materiais de som e luz do auditório do Cais. Como ainda não trabalhamos com reserva prévia de bilhetes, ficamos sempre reticentes quanto à adesão do público.

Qual tem sido a recetividade em relação ao festival por parte dos outros grupos?
Felizmente o Teatro da Linha 5 tem recebido muitos convites para participar em vários encontros de teatro, o que faz com que, através de permutas, consigamos sempre ter vários grupos disponíveis para participarem no nosso festival. Há sempre uma grande disponibilidade e abertura dos grupos, principalmente a nível das datas e adaptação ao nosso palco.
Para si qual é a importância deste festival para a associação?
É, sem dúvida, uma das atividades mais importantes da nossa associação. Durante o decorrer do festival, o teatro amador é rei e traz muita gente ao Cais Cultural, quer grupos, quer público. Este evento segue a linha de querermos tornar o Cais um local de referência a nível do teatro amador.
Quais são os principais apoios?
Os principais apoios são as bilheteiras do nosso festival, quotas dos associados, subsídios do município de Lousada e muito trabalho voluntário de muitos amigos.
O que gostaria de conseguir para o futuro do Teatro Linha 5?
Queremos tornar o Teatro da Linha 5 um grupo de referência na região, com destaque na itinerância de peças de teatro por vários palcos e espaços ao ar livre. Queremos levar o teatro ao encontro das pessoas, pelo que um dos nossos lemas é o teatro de proximidade. No que toca ao festival de teatro, queremos alargar a participação de grupos das ilhas e Espanha, por forma a termos contacto com outras realidades. Somos um grupo sempre disponível a abraçar novos desafios.
Quais são os segredos para o sucesso deste vosso projeto?
Não há segredos, apenas dedicação, responsabilidade e entrega. É de salientar que todos nos sintamos muito bem no grupo e há um espirito de segunda família. A paixão comum pelo teatro sobrepõe-se e tudo dá certo.
Sente apoio da comunidade local?
Sim, cada vez mais sentimos que a comunidade gosta de assistir às nossas peças e isso é evidente com o aumento de público no nosso festival. Quais os segredos do sucesso do v/ projeto?
Uma mensagem final…
O teatro amador vive dos aplausos do público. É importante que o público assista a teatro e saiba valorizar todo o trabalho desenvolvido.

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