por | 2 Dez, 2019 | Opinião, Pedro Amaral

“Quando as pessoas são livres de escolher, geralmente escolhem ser livres.” Margaret Thatcher

Esta semana Portugal voltou a relembrar uma das datas que, como outras, marcou a sua história nacional recente, o dia 25 de Novembro de 1975. Data sobre a qual muito se tem dito de um extremo ao outro do espectro político e da sociedade civil como um todo. Se para uns representa a barreira onde esbarrou a liberdade protagonizada pelo processo revolucionário, para outros simboliza a correcção democrática necessária para a persecução dos verdadeiros valores de liberdade saídos de Abril de 74.

Mas será que temos sido completamente justos na análise que temos feito dos acontecimentos desse dia? Será que temos ponderado seriamente sobre as pessoas que envolveu e consequentemente sobre as vidas que tocou?
O dia 25 de Novembro de 1975 não representa, ao contrário do que actualmente uma esquerda mais radicalizada nos pretende fazer crer, uma traição aos valores de Abril, antes simboliza a sua inevitável concretização (ainda que tardia).

A história de um país faz-se, tal como a história de cada um de nós, num seguimento ininterrupto de experiências que nos molda, tornando-nos naquilo que somos no presente. Negar uma parte da nossa história é negar, necessariamente, uma parte de nós.

É verdade que só vivemos, hoje, numa Democracia Constitucional porque os militares do MFA se mobilizaram, em Abril de 74, contra a ditadura e a repressão. Tal como, só me é permitido escrever este artigo sem constrangimentos ou reservas porque Portugal viveu um processo revolucionário advindo dessa data. Mas, certo é também que Portugal só se tornou no espaço de tolerância, democracia e liberdade que conhecemos, porque em Novembro de 1975 um grupo de militares moderados conseguiu evitar uma nova consolidação de extremismos radicais e assim, levar a cabo a transição pacífica desse Processo Revolucionário para o Processo Constitucional.

Mas, lembrar o 25 de Novembro é não só lembrar este percurso ininterrupto e aquilo que dele adveio, é também lembrar as pessoas que dele tomaram parte. Os políticos, mas sobretudo os militares moderados que colocaram de parte as suas diferenças, ideologias, patentes e inclinações pessoais com o objectivo comum de não defraudar Portugal nem a liberdade alcançada em Abril, aliás para isso juraram ser soldados.
Por tudo isso, lembrar este legado (de história e de pessoas) constituiu o mais alto exercício patriótico porque nos permite recordar quem fomos, aquilo que quisemos ser e o que para futuro seremos, reflectindo sobre a totalidade do processo democrático do nosso país sem medo, sem restrições, sem reservas e sem preconceito ideológico ou político.

Em suma, no dia 25 de Abril de 74 Portugal tornou-se livre para escolher. E com essa liberdade escolheu, em Novembro de 75, ser só isso… Livre.

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