por | 16 Fev, 2020 | Canto do saber, Opinião

Coronavírus – o despertar para a biotecnologia

Nos últimos dias entra-nos pelas nossas casas notícias de uma nova pandemia, o Coronavírus que infetou já algumas dezenas de milhar de pessoas e provocou a morte de mais de um milhar.

Independentemente de se achar que a resposta tem sido melhor ou pior, sou da opinião que uma análise um pouco mais profunda aos acontecimentos, cria alguma apreensão, que deveria motivar dos cidadãos, depois de passado o pico da crise, de um debate e uma reivindicação veemente aos estados, para o reforço de ações de prevenção e sobretudo de mitigação de efeitos de uma situação deste tipo.

De facto se expurgarmos, do que nos é dado a conhecer, do fogo de artifício das reuniões, do aparato tecnológico, das vestimentas próprias dos filmes, percebemos claramente que os métodos para mitigação de uma pandemia, não evoluiu grande coisa, desde a idade média, onde por exemplo já no século XIV os navios que provinham do Oriente, na chegada a Veneza ficavam retidos por quarenta dias , para se verificar que não eram portadores da peste, nasceu assim o método da quarentena. De facto o avanço que existiu das técnicas de mitigação nem de perto se assemelha ao que existiu relativamente a outros campos.

Mesmo no campo da biotecnologia, a evolução extraordinária terá sido no bom sentido, com fins económicos e no mau sentido, para ser usado em cenários de guerra. Aparentemente o investimento na prevenção, na monitorização e na criação de métodos de mitigação, no mínimo não tem sido suficiente.

Acresce aos problemas da parte operacional, aqueles relacionados com os valores humanos. Assistimos no dia-a-dia, com o aparecimento de mais casos, à degradação da condição moderna para a condição medieval, onde seres humanos de aparência oriental, portadores da doença, são demonizados – o tempo das bruxas parece querer retornar. A imprensa, os políticos, entram numa espiral de cedência à transparência pornográfica. A transparência não tem moral, porque tudo surge direto ao olho, não há filtro, a sujeição aos valores humanistas. Pelo mesmo motivo não há ética na transparência, porque a ética consiste na reflexão sobre o modo de vivermos em conjunto da forma mais harmoniosa possível. A transparência isola a pessoa, que sozinha cede ao medo, torna-se numa fundamentalista da sobrevivência irracional, os valores não interessam.

A pandemia da gripe espanhola em 1918, teve como resultado um valor estimado de cinquenta milhões de mortos, sim cinco vezes a população de Portugal.

Entretanto os processos de manipulação de DNA, do genoma de várias espécies, tornam a possibilidade bioterrorismo como algo terrivelmente real, sendo que em cenários terroristas e de guerra, o foco não é tanto na morte mas sim em criar o maior dano possível.

Por outro lado a possibilidade de fugas de vírus manipulados em laboratório é uma realidade que muitos parecem querer ignorar.
Também a resistência aos antibióticos, que vai sendo maior, outro problema onde o progresso não se assemelha ao de outras tecnologias, por diversos fatores, sendo o mais significativo o de não ser uma das prioridades das farmacêuticas.

A tudo isto adiciona-se, claro está, a natureza com as suas mutações. Mas mesmo aqui, há muito que se fala que com diminutas alterações no mal famigerado vírus H5N1, o da gripe das aves, facilmente se conseguiria que ele fosse mais contagioso entre seres humanos e mesmo entre espécies, a pergunta fica: Porque é que não houve avanço para proteger a humanidade deste tipo de problema?

É mais uma vez a hora de as pessoas tomarem este como outros assuntos nas suas mãos e desencadearem ações de cidadania em defesa da humanidade que somos nós e quem vem a seguir.

Comentários

Submeter Comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

Artigos recentes

Grande polo de formação desportiva

ASSOCIAÇÃO RECREATIVA E DESPORTIVA DE ROMARIZ Fundada em 1977, a Associação Recreativa e...

Mentes Brilhantes para abordar Cibersegurança

No dia 30 de novembro, quinta-feira, realiza-se uma nova edição de Mentes Brilhantes com o tema...

População pressiona Câmara para reabrir avenida Sr. dos Aflitos ao trânsito

PROBLEMAS DA CIRCULAÇÃO AUTOMÓVEL EM LOUSADA São várias as reclamações e sugestões que se colhem...

Nunca é tarde para realizar sonhos e concretizar projetos

JOSÉ FERREIRA NETO O “bichinho” da pintura esteve quase sempre presente na intensa vida artística...

Cecília Mendonça é uma super atleta

COMEÇOU NA PATINAGEM E ESTÁ NO TRIATLO Mãe de dois filhos, Francisco (5 anos) e Duarte (3 anos),...

«WE ARE» renovam oferta musical em Lousada

A MAIS RECENTE BANDA EM LOUSADA Por norma os músicos começam por praticar em estúdio ou sala de...

Tenham medo, muito medo, da Dark Web

A PROFUNDEZA OBSCURA DA INTERNET Cada vez mais a Internet é um mundo de oportunidades conhecidas e...

Inauguração da exposição “Unidos Venceremos!” com Pacheco Pereira

No âmbito das comemorações dos 50 Anos do 25 de Abril, vai ser inaugurada, hoje, 24 de novembro,...

Pedaladas Solidárias é o podcast de Joaquim Aires, com a assinatura d’O Louzadense

Em cada episódio, Joaquim Aires terá um convidado, para mergulhar em histórias inspiradoras de...

Editorial 109 | Podcasts O Louzadense

O jornal O LOUZADENSE tem vindo a afirmar-se de forma crescente e notória na nossa comunidade. É...

Siga-nos nas redes sociais