Nos últimos dias entra-nos pelas nossas casas notícias de uma nova pandemia, o Coronavírus que infetou já algumas dezenas de milhar de pessoas e provocou a morte de mais de um milhar.
Independentemente de se achar que a resposta tem sido melhor ou pior, sou da opinião que uma análise um pouco mais profunda aos acontecimentos, cria alguma apreensão, que deveria motivar dos cidadãos, depois de passado o pico da crise, de um debate e uma reivindicação veemente aos estados, para o reforço de ações de prevenção e sobretudo de mitigação de efeitos de uma situação deste tipo.
De facto se expurgarmos, do que nos é dado a conhecer, do fogo de artifício das reuniões, do aparato tecnológico, das vestimentas próprias dos filmes, percebemos claramente que os métodos para mitigação de uma pandemia, não evoluiu grande coisa, desde a idade média, onde por exemplo já no século XIV os navios que provinham do Oriente, na chegada a Veneza ficavam retidos por quarenta dias , para se verificar que não eram portadores da peste, nasceu assim o método da quarentena. De facto o avanço que existiu das técnicas de mitigação nem de perto se assemelha ao que existiu relativamente a outros campos.
Mesmo no campo da biotecnologia, a evolução extraordinária terá sido no bom sentido, com fins económicos e no mau sentido, para ser usado em cenários de guerra. Aparentemente o investimento na prevenção, na monitorização e na criação de métodos de mitigação, no mínimo não tem sido suficiente.
Acresce aos problemas da parte operacional, aqueles relacionados com os valores humanos. Assistimos no dia-a-dia, com o aparecimento de mais casos, à degradação da condição moderna para a condição medieval, onde seres humanos de aparência oriental, portadores da doença, são demonizados – o tempo das bruxas parece querer retornar. A imprensa, os políticos, entram numa espiral de cedência à transparência pornográfica. A transparência não tem moral, porque tudo surge direto ao olho, não há filtro, a sujeição aos valores humanistas. Pelo mesmo motivo não há ética na transparência, porque a ética consiste na reflexão sobre o modo de vivermos em conjunto da forma mais harmoniosa possível. A transparência isola a pessoa, que sozinha cede ao medo, torna-se numa fundamentalista da sobrevivência irracional, os valores não interessam.
A pandemia da gripe espanhola em 1918, teve como resultado um valor estimado de cinquenta milhões de mortos, sim cinco vezes a população de Portugal.
Entretanto os processos de manipulação de DNA, do genoma de várias espécies, tornam a possibilidade bioterrorismo como algo terrivelmente real, sendo que em cenários terroristas e de guerra, o foco não é tanto na morte mas sim em criar o maior dano possível.
Por outro lado a possibilidade de fugas de vírus manipulados em laboratório é uma realidade que muitos parecem querer ignorar.
Também a resistência aos antibióticos, que vai sendo maior, outro problema onde o progresso não se assemelha ao de outras tecnologias, por diversos fatores, sendo o mais significativo o de não ser uma das prioridades das farmacêuticas.
A tudo isto adiciona-se, claro está, a natureza com as suas mutações. Mas mesmo aqui, há muito que se fala que com diminutas alterações no mal famigerado vírus H5N1, o da gripe das aves, facilmente se conseguiria que ele fosse mais contagioso entre seres humanos e mesmo entre espécies, a pergunta fica: Porque é que não houve avanço para proteger a humanidade deste tipo de problema?
É mais uma vez a hora de as pessoas tomarem este como outros assuntos nas suas mãos e desencadearem ações de cidadania em defesa da humanidade que somos nós e quem vem a seguir.
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