por | 14 Mar, 2020 | Grandes Louzadenses, Região

Hospital da Santa Casa da Misericórdia de Lousada com plano de contenção para evitar Covid-19

O primeiro doente de Lousada diagnosticado com Covid-19 foi atendido no serviço de atendimento permanente do Hospital da Santa Casa da Misericórdia de Lousada. A situação pôs o médico e o administrativo que o atenderam de quarentena e, a partir daí, foram tomadas uma série de medidas para conter o vírus que tem preocupado toda a comunidade.
Falamos com o diretor clínico desta unidade hospitalar, Carlos Santos, que referiu o encerramento das consultas externas, da fisioterapia, da imagiologia e análise clínicas. Apenas o serviço de atendimento permanente e o bloco continuam a funcionar, embora as intervenções cirúrgicas contemplem apenas adultos e a atividade tenha sido reduzida para 50%. O serviço de atendimento permanente, conhecido como serviço de urgência, ainda está a funcionar, acautelando-se a distância entre os utentes, embora esteja a ser ponderado o seu encerramento.
Carlos Santos salienta que estas medidas foram tomadas por iniciativa da instituição, uma vez que não existem quaisquer indicações superiores. Acrescenta que há cerca de três semanas foi-lhes pedido o nome do diretor clínico para eventuais contactos, mas que, até à data, nunca mais receberam indicações de ninguém.

Doente à espera horas depois de contactada a Saúde24

Na altura da conversa que tivemos com Carlos Santos Costa, o Hospital aguardava resposta para um doente suspeito de ter contraído o novo coronavírus. O doente estava há três horas a aguardar pelo INEM, depois de ter sido contactada a Saúde24. “Se aparecer um suspeito, ligamos para a Saúde 24 e o doente fica à espera horas. ‘Aguardem que damos resposta’ e nunca mais chega a resposta”, lamenta.

O diretor clínico do Hospital de Lousada tem um ponto de vista crítico sobre a forma como foi gerido o processo desde o início: “Se Itália era um foco de infeção, porque é que os elementos que vierem de Itália, no aeroporto, não foram rastreados?”, pergunta. O médico deita mão da metáfora do incêndio para defender que a intervenção deveria ter sido antes de surgir o primeiro foco de infeção.

Lousada e Felgueiras deveriam ter tratamento especial

Carlos Santos defende que Lousada e Felgueiras deveriam ter sido alvo de um plano de contingência específico. O médico defende a existência de uma linha telefónica para atendimento das pessoas destes concelhos e comunicações dirigidas às pessoas mais afetadas pelo flagelo: “Não percebo porque é que o Ministério da Saúde ou a Direção-Geral de Saúde não vêm ao Centro de Saúde”, diz, lamentando que apresentem as estatísticas na televisão, mas não resolvam o problema. O clínico fala mesmo da existência de um gabinete de crise para estas localidades.

Pessoas têm de agir com responsabilidade

Carlos Santos defende que as pessoas têm de ser mais responsáveis em relação à doença e dá como exemplo o caso do primeiro cidadão da região a quem foi diagnosticada a doença. O mesmo omitiu que tinha estado em Itália. O médico esclarece também que as pessoas evitam recorrer aos hospitais centrais. “Querem vir aqui fazer o teste, não querem ir a Penafiel nem ao S. João. A pessoa sabe que se for referenciada e entrar na cadeia, ou fica internada ou de quarentena”, explica.

Neste momento, os lousadenses estão a ser afastados dos serviços fora do concelho. É o caso das consultas no hospital em Penafiel. “Nos locais onde pode haver contágio ninguém diz nada, não há regra, dá ideia de que as pessoas de Lousada se podem contagiar umas as outras”, lamenta.

A contaminação com este vírus, comparativamente com outros semelhantes, é mais fácil, pelo que a aposta deverá ser na contenção. “As pessoas brincam com isto. Não se precaveem! Não interessam planos de contenção se as pessoas não cumprem, se contactaram com pessoas doentes e vão para o restaurante….”, defende.

SNS sem capacidade para responder a casos que necessitem de ventilação
O problema maior são as pessoas mais debilitadas fisicamente e os idosos, que, caso contraiam a doença, podem necessitar de ser ventilados durante vários dias. “O SNS não tem capacidade para dar resposta a estes doentes críticos. São poucos os lugares nas unidades”, diz. O médico lembra que a China construiu um hospital com 1500 camas com suporte ventilatório.
Comparando esta epidemia a uma guerra, afirma que irá terminar e a vida continuar, com perdas humanas a lamentar. O número de mortes vai depender do tempo que se demorar a atingir o pico da epidemia. Quando mais tarde for atingido, mais doentes conseguem tratar.

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