As padarias e pastelarias puderam manter-se abertas durante o estado de emergência para assegurar a distribuição do bem essencial que é o pão. No entanto, o serviço de cafetaria esteve suspenso, voltando agora a funcionar, mas com novas regras de segurança para evitar contágios.
José Silva, da Pastelaria Catarina, em Lousada, contou-nos como viveu os tempos de emergência nacional e como o seu espaço se está a adaptar às novas circunstâncias.
Como se refletiu este problema na sua empresa?
Eu fiquei surpreendido com o que se estava a passar, mas temos de nos habituar a estas surpresas, temos de aprender a viver com isto. Desta vez o impacto foi mais forte, mas temos de seguir em frente.
Que consequência teve para a sua pastelaria?
Na minha padaria, senti bastante, pois os serviços públicos e privados fecharam e a minha clientela frequentava esses serviços. Quanto à padaria, na qual sou responsável pelo fabrico, a queda foi menor porque nós temos dois produtos: pastelaria e padaria. Onde se sentiu mais foi na pastelaria, que caiu um bocadinho. É uma padaria sólida, por isso acho que suportará este problema.
Como vê o futuro?
Futuramente, eu vejo as coisas com otimismo. Eu estou preocupado, mas é um problema de todos. Com um pouco de fé e esperança, acho que vai correr tudo bem, tirando aqueles que, infelizmente ficam pelo caminho. Acho que vamos ultrapassar este problema, que nos está a afetar a todos.
Quanto aos negócios, reconheço que isto estava tão em cima em todos os setores que não caímos, ficamos a meio e agora vamos levantar-nos de novo. O importante é o convívio e termos saúde. Estou convencido que os cientistas vão conseguir a vacina e vamos voltar a ser felizes como éramos até agora.
O que teve de mudar no seu dia-a-dia?
Adiantamos um pouco as férias. Falei com os funcionários para eles irem gozando alguns dias de férias. Eu tive sempre a opinião, de que no mês de março, abril e maio iríamos ficar um pouco incomodados. Eu penso, que a partir de junho vamos todos aprender a viver com este problema e temos de recomeçar a trabalhar. Não é só pelo dinheiro, porque faz parte da nossa vida trabalhar. Não podemos estar à espera que os cientistas resolvam o problema. Todos com cuidado temos de começar a nossa vida ativa. Quanto ao pessoal que trabalha cá, são pessoas com alguns anos e sabem que este problema não é um problema desta empresa, é do mundo. Está tudo a trabalhar menos um bocadinho, mas o suficiente.
Notou alguma diferença neste primeiro desconfinamento?
Não, ainda não notei, mas espero que a partir da próxima semana comece a notar-se, porque também é incómodo estar muito tempo sem servir um cliente. Eu espero, que a partir do dia 18, a restauração possa trabalhar e os clientes regressem. Vamos começar devagarinho porque não há outra maneira de ser. Quando temos um tombo assim, só devagarinho é que conseguimos voltar a ficar de pé.
Em relação ao setor, tem conhecimento de alguns problemas no nosso concelho?
Não tenho conhecimento de ninguém em lay-off ou que tenha fechado portas. Quanto às perdas de vendas, todos sofremos.
Sentiu que as pessoas tinham medo de ir comprar o pão?
Não, nunca senti. Senti apenas, que as pessoas andavam assustadas com o problema.
Que estratégia acha que governo deveria proporcionar a este setor da panificação?
Uma medida que o governo podia estabelecer seria, principalmente, não deixar aumentar os cereais, que aumentaram em janeiro, em março e querem de novo aumentá-los. Há um mês aumentou o preço porque havia falha de cereais, estávamos em rutura. Eu creio, que o governo se devia impor para o pão, que é um bem de primeira necessidade, se mantiver o preço que está, já será bom. Se isto continuar, eu acho que vai ter que aumentar. É um bem de primeira necessidade que começa a ficar mais caro e torna mais difícil a sobrevivência das pessoas.
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