Face à situação vivenciada pela COVID-19 emerge a reflexão de como será a evolução do setor alimentar e respetivo consumo alimentar, com e após o surto de SARS-CoV-2.
Toda esta situação arrasta o imprevisível que, tem vindo a afetar a oferta e a procura alimentar à escala global, refletindo mudanças estruturais na cadeia alimentar no hoje e no amanhã. Contudo, as mudanças comportamentais no consumidor de produtos alimentares são adaptativas, assim, a resposta perante uma situação de confinamento evidência uma modificação na quantidade e regularidade do consumo. Porém, alterações mais pragmáticas poderão ocorrer após o isolamento, pela necessidade de adaptação a uma doença que ainda permanecerá.
Estamos numa fase que catalisa um aumento da individualização do consumo e a promoção da produção alimentar do país, procurando seguir um modelo de autossuficiência, por forma a satisfazer as necessidades de consumo de bens alimentares da população. Anexada a compra de bens alimentares em e-commerce ou através de delivery – entrega em casa.
A cadeia alimentar no momento vivenciado verifica que, parte das suas fragilidades residem no fator humano, desencadeando uma automatização de processos, desde a produção agrícola, passando pela indústria, distribuição e entrega ao domicílio. Em paralelo, o setor da saúde tende para modelos de prestação de cuidados de saúde à distância e em casa. Tal, com repercussões e necessárias reformulações para um vigoroso sistema em situações de crise, dado que, esta situação pandémica vincou a relevância do setor alimentar e de saúde.
A preocupação por dietas com influência na saúde revela ser uma tendência, assente na observação de atitudes e comportamentos dos consumidores.
Este período pandémico averba um aumento significativo na procura de alimentos funcionais e que reforcem o sistema imunitário. Porém, as proteínas vegetais ou as alternativas aos produtos de origem animal poderão sofrer um abrandamento no seu crescimento, num cenário de compra mais racional e viabilizado pela componente económica. As cadeias de distribuição estabeleceram e estão a estabelecer parcerias com as empresas de entregas ao domicílio para dar resposta à procura e os fabricantes a entregar diretamente em casa. Não será mais o imperativo nas decisões de compras alimentares o “sabor”, perdendo espaço para a consciência nutricional e preocupação ambiental. A rastreabilidade da(s) matérias-prima(s) e modos de produção ganharão destaque e revelo, como exigência por partes dos consumidores.
A sustentabilidade alimentar tende a ser um dos fatores de consumo, conscientes que cada ato de consumo tem consequências no ambiente e na saúde, advogando uma sustentabilidade integral, com maior peso da produção local, procurando respeitar a sazonalidade dos alimentos e fazendo uma gestão do desperdício alimentar, e por uma inovação que germine das necessidades do consumidor.
O consumidor terá em linha de conta alimentos que impactem a sua saúde, procurando transparência total e controlo da qualidade, exigindo conhecer cada especificidade do que consome, analisando o que há por detrás de cada produto que consome e o seu percurso até si, apostando em empresas com as quais partilhe os valores e se regem pela inovação, qualidade, segurança e sustentabilidade alimentar.
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