José Alberto Nunes Leal nasceu na Ordem, de onde saiu com cerca de um ano, deslocando-se para Silvares. “Zé dos Bombeiros”, como é carinhosamente tratado, tem na alcunha aquilo que tem definido o seu percurso profissional, como funcionário na secretaria dos Bombeiros Voluntários de Lousada. Com uma paixão bem marcada pelas Festas Grandes, o seu percurso social é marcado pela entrega a estas celebrações durante diversos anos.
Nascido na freguesia da Ordem, ali permaneceu até fazer pouco mais de um ano. Com uma infância “normal”, realizou o 1.º ano de escolaridade na Escola das Pocinhas, tendo mudado para uma escola já extinta para terminar o 3.º e 4.º ano.
Na mudança de ciclo, ingressou num Seminário, mas a experiência foi curta e, passado um ano e meio, José Alberto regressa à Vila de Lousada e termina os seus estudos na Escola Preparatória. “Não me integrei muito bem e decidi que seria melhor sair”, confessa. No 11.º ano decidiu não prosseguir estudos, tendo terminado o 12.º ano no ensino noturno, na Escola Secundária de Lousada.
Assim, tem-se dedicado, desde então, ao seu percurso profissional que começou na “Lousafil – Vestuário Internacional”. Em 1991, ingressou na secretaria dos Bombeiros Voluntários de Lousada, onde permanece até hoje. “Neste momento toda a gente me conhece por ‘Zé dos Bombeiros’ por já trabalhar há vários anos aqui”, revela José Alberto.
Paixão pelas Festas Grandes
E sendo um apaixonado pelas Festas Grandes do concelho, colaborou na sua organização durante cerca de 15 anos. “Não pertenci sempre à direção das Festas, mas, indiretamente, nos anos em que não estava na direção, estava sempre a ajudar e fui sempre colaborando naquilo que me pediam e naquilo eu podia. Acabou por ser uma ligação de 15 anos”, afirma.
A viagem começou em 1999 e terminou em 2014. “Fui convidado por um grupo de amigos, achei interessante e decidi abraçar o desafio. A partir daí, fui ficando sempre. Passei por todos os setores da festa, fui tesoureiro, responsável pela cerveja, secretário, fiz muitas coisas nos grupos em que estive. No dia, faz-se todos os serviços que são necessários e que as festas obrigam para se ter umas boas festas”, explica.
“Durante estes 15 anos, iniciamos, juntamente com uma direção, a Festa da Francesinha. Estive na Festa da Francesinha durante cinco anos. No meio disto, foi criada a LADEC, que dava apoio e que chegou a organizar as festas, em que fui convidado para participar e que ainda hoje pertenço. Não na direção, mas no Conselho Fiscal”, conta.
“Para se ter umas boas festas há muito trabalho por trás que as pessoas não conhecem.”
Mas nem tudo é fácil, revela José: “para se ter umas boas festas há muito trabalho por trás que as pessoas não conhecem. É muita responsabilidade, muito trabalho, coisas que são feitas e que a sociedade nem conhece. Há pessoas que não têm a mínima ideia do trabalho que dá organizar umas festas e com a dimensão que as nossas festas atingem. É um ano de trabalho com muito rigor para chegar ao fim e dizer ‘conseguimos, está tudo pago”.
Apesar de todo o trabalho, José afirma que é uma questão “de gostar e do bichinho que foi nascendo. Quando era mais novo, não ligava muito às festas. Até que me convidaram e depois de começar a trabalhar acaba por ser mais interessante, porque temos um objetivo e um fim e não é só a passear”.
“Fui ficando, muitas vezes a dizer ‘vou desistir’, porque deixa-se a família. A minha filha tem 10 anos e nos primeiros três anos ela não me conhecia nas festas. Deixava a família para ir trabalhar. Foram passando os anos sem me aperceber disso. Está na hora de fazer um ponto, que não quer dizer que seja final, mas pelo menos uma interrupção, durante alguns anos. Deixar aparecer novas pessoas, com novas ideias, dar oportunidade aos outros”, enuncia.
No entanto, acredita que “faz falta uma associação às Festas Grandes. Todos os anos é criada uma associação nova. A LADEC foi criada para ser esse tipo de associação. Não gosto de dizer isto, mas Freamunde tem isso e há um historial. Não há uma associação por trás que ajude as Comissões. Todos os anos há uma comissão nova e os que entram não sabem o que se passou no ano anterior. Andamos aqui meio perdidos, porque não há um historial nem uma associação que guarde o espólio e preserve as tradições”.
Durante o percurso que esteve ligado às festas, foi conhecendo todos os vendedores ambulantes que passavam por Lousada e, ao reparar que existia “grande rivalidade entre eles”, decidiu “organizar um jantar com todos, no final das festas todas”. “Consegui sentar à mesa gente que não se falava. Fiz esse jantar durante diversos anos e foi interrompido o ano passado, devido à pandemia”, lamenta.