“A minha vida já dava um filme”, afirma o músico e fotógrafo Carlos Manuel de Sousa, de 39 anos, natural de Lagoas (Lousada), com longa passagem pela Bélgica e atualmente a residir no Sertãozinho (Brasil). Em Portugal é tratado por “Litos”, mas na Bélgica e no Brasil tornou-se conhecido pelo diminutivo “Manu”. Conheceu Gicely Fagundes e o amor levou-o para o Brasil. A pandemia está a impedir muitos espetáculos e Manu virou-se para a fotografia, outra paixão além da música.
Desde muito cedo que o lado artístico se tornou uma faceta muito forte na vida de Carlos Manuel de Sousa. “A minha avó, que tinha uma voz maravilhosa, cantava fado. Ouvi-la cantar foi o que desencadeou essa paixão em mim desde criança e o convívio nos anos 90 com os grupos musicais de Lousada, principalmente os Entretela, de Nevogilde, acentuou o meu gosto para a música”, relata Manu de Sousa. “Aprendi muito e vivi bons momentos na música em Lousada com o Pedro, dos Sêcos e Feios, o Duarte, dos Entretela, o Sidónio Nunes, o Elisiário e muitos outros”, acrescenta.
Aos 18 anos estava na Bélgica, onde fazia parte da banda Adrift, e veio propositadamente a Portugal para participar no concurso televisivo Ídolos, da SIC. “Não correu muito bem, mas permitiu ganhar experiência”, afirma.
Parte da infância foi vivida em Bruxelas, com a mãe, para onde voltou já como jovem adulto, depois de viver a adolescência em Lousada, com os avós. Entre essas duas etapas viveu no Bairro Dr Abílio Alves Moreira e em Nevogilde. “Foi uma fase em que fiz muitos amigos em Lousada e ainda hoje recordo com saudade os tempos em que estudei na Escola Primária de Nevogilde, no Ciclo e no Liceu de Lousada, em Pias”, sublinha.
“A minha avó faleceu de pneumonia, em 2015, e o meu avô de alzheimer poucos anos antes. A minha família está um pouco espalhada: tenho uma irmã, primos e tios em Portugal e tenho uma irmã, um irmão, tios e primos na Bélgica”, conta este emigrante.
“Na Bélgica, decidi montar o meu próprio negócio, onde cheguei a ter um café e um bar mas eles tiravam-me o tempo que eu tinha para fazer as coisas que amava. Eu ganhava muito dinheiro, mas não era feliz, pois não mais fazia o que me preenchia a alma, que era a música”, confessa.
Ele a brasileira Gicely Fagundes, que viria as ser sua esposa, conheceram-se em 2007, através das redes sociais e namoraram durante um ano e meio, até que Manu decidiu “seguir o coração e ir viver para o Brasil, onde o amor e a música me completaram”, afirma.
“Acho que estou na melhor cidade do Brasil, Uberlandia, que é considerada uma cidade grande do interior e não uma metrópole como o Rio, São Paulo ou Belo Horizonte. Uberlandia e Goiania são o centro do Sertanejo, que tem uma vida musical muito forte e isso influenciou-me muito”, afirma Manu.
ALMA LOUSADENSE E CORAÇÃO BRASILEIRO
“No Brasil sou eu e Deus e claro, a família da minha esposa virou minha família também. O meu sogro é professor de educação física na Universidade de Uberlândia, é especialista em fisioterapia em Minas Gerais, um dos estados mais importantes do Brasil”, revela.
Com formação multifacetada, este lousadense adapta-se em vários contextos profissionais, pois tem conhecimentos em eletricidade, em hotelaria e em fotografia. “Eu trabalho como fotógrafo e componho para cantores e músicos. Em 2018 comecei a mostrar as minhas músicas para artistas regionais e depois nacionais e a composição começou a dar muito certo. Já arranjei músicas para Naiara Azevedo, Ciel Rodrigues entre outros grandes artistas brasileiros e tive oportunidade de conhecer e fazer amizade entre artistas, produtores que eu ja conhecia e ouvia quando eu morava na Europa e nunca pensei que os iria conhecer pessoalmente, muito menos fazer amizade com eles”, explica.
Um desses artistas famosos que conheceu foi o guitarrista dos Whitesnake, Joel Hoekstra, que está com Manu de Sousa nesta fotografia que publicamos com esta entrevista.
Carlos Manuel ou Manu ou Mexicano (como alguns amigos de infância ainda o tratam) considera-se “lousadense e português de sangue” e “brasileiro de coração”, mas acima de tudo afirma-se como um “cidadão do mundo”. Salienta que “depois de passar pelo que passei, um problema de saúde infantil muito grave, que superei, um acidente de motorizada em Lousada que me deixou numa cadeira de rodas durante seis meses, uma depressão muito forte já na vida adulta, na Bélgica, descobri na música e no Brasil a minha força maior, a minha espiritualidade e o meu amor”, revela o nosso entrevistado.
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