Opinião de Maria Neto
As mudanças climáticas, a escassez de recursos hídricos ou a degradação dos solos são algumas das ameaças/riscos que colocam em causa a Segurança Alimentar, além dos atuais efeitos socioeconômicos da pandemia da COVID-19 e da guerra.
A disponibilidade dos alimentos, o acesso das pessoas a estes e um consumo adequado do ponto de vista nutricional são os pilares, o sustentáculo de e para a Segurança Alimentar. O conceito de Segurança Alimentar tem subjacente o direito à alimentação, que de acordo com a Declaração de Roma Sobre a Segurança Alimentar Mundial de 1996, é entendido como o princípio que procura garantir o acesso físico e económico, suficiente e nutritivo de alimentos, com o propósito de asseverar uma vida ativa e saudável.
A Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO) alertou que, a guerra na Ucrânia acarreta severos riscos para a Segurança Alimentar global, em consequência do impacto da Rússia e da Ucrânia na produção e fornecimento de alimentos no mundo.
A FAO atenta ainda que, os riscos consequentes da guerra estão relacionados com o fluxo de trocas comerciais a nível internacional, com a capacidade produtiva da Ucrânia e da Rússia, com a inflação e com o efeito da taxa de câmbio.
Neste período superior a três meses da invasão da Ucrânia e sem perspetiva para o fim da guerra, os efeitos do conflito são cada vez mais sentidos no mundo. Aspetos conexos à Segurança Alimentar são cruciais, dada a importância destes países no fornecimento global de grãos e fertilizantes, acresce ainda, as dependências/ligações económicas e financeiras incidentes nas cadeias alimentares, a exemplo, as derivadas dos preços de óleo e gás. Neste cenário mutante de poder global, a Segurança Alimentar tem um papel primordial.
A diminuição da oferta dos alimentos, em génese pela destruição devido à guerra, pelos embargos comerciais, pelo protecionismo ou inseguranças logísticas, acarreta um incremento dos valores dos produtos, comprometendo pejorativamente a Segurança Alimentar global, em realce nas dimensões, de disponibilidade, de acesso e de estabilidade, nomeadamente, em países dependentes da exportação dos insumos produzidos pela Rússia e Ucrânia.
Com os países a pugnarem para garantir alimentos suficientes e dar resposta e vasão às necessidades nutricionais das suas populações, muitos esbateram-se com a necessidade de reavaliar as suas dependências alimentares e procurar expandir, designadamente, através a produção local, assente em eixos inclusivos como a melhor produção, a melhor nutrição, o melhor ambiente e a melhor vida
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