por | 4 Jul, 2022 | Desporto

Daniel Soares: O piloto viciado em adrenalina

Numa brincadeira surgiu e, quando finalmente apanhou o gosto, as aventuras começaram. Os carros preenchem-no na vida profissional, porém, é nas motas que encontra a sua verdadeira paixão e descobre a verdadeira adrenalina da vida. Começou o seu trajeto nesta prática em 2014, os anos passaram, e em 2019 sagrou-se Campeão na sua classe 1000cc. A promessa de maior concentração e empenho estão sobre rodas, mas o melhor será conhecer a história deste jovem piloto no O Louzadense. 

Natural de Macieira, freguesia portuguesa do concelho de Lousada, hoje reside no centro da vila, como o próprio designa. Com 32 anos, é um jovem empresário no ramo automóvel. Contudo, os carros que são o seu material de trabalho e sustento, não lhe proporcionam o que as motas fazem. 

Daniel começou neste desporto por uma mera brincadeira, em 2014, quando começou a ganhar mais independência financeira. Inicialmente, principiou nas corridas de feira na Aparecida, mas desde logo apercebeu-se da pouca segurança destas. Os circuitos citadinos são diferentes, e o lousadense desejava algo mais sério. Posto isto, não enveredou por esta opção. 

Entretanto decidiu experimentar os treinos livres e eis que o gosto avança, mais e mais, à medida que pratica. Assim sendo, estreou-se a treinar com mais frequência, consequentemente, as melhorias eram mais visíveis. Corria o ano de 2019, quando optou por realizar o campeonato por completo. Na época, fê-lo com uma equipa de Lousada, a Racing Soares, na qual agradece o impulso e motivação que os elementos que a compõem lhe deram para fazer todas as corridas. O empenho compensa sempre, e foi vice-campeão em 2019 na categoria de 600. 

Desde então, o gosto começou a ganhar outra dimensão ainda maior. Nesse mesmo ano ganhou a sua primeira conquista à chuva, isto é, com condições meteorológicas pouco favoráveis. “Não sabia exatamente o que estava a fazer, mas arrisquei tudo e ganhei”, sublinha. Na sua classe ficou em 1º lugar e em geral em 5º, levando em consideração que as motas de 1000 correm junto com as 600, portanto, a grelha é a mesma. 

Daniel reconhece que anda nas corridas somente pelo gosto, uma vez que não se ganha nada. Aliás, perde-se tempo pessoal e a nível monetário é bastante dispendioso, logo, se não existir paixão não se consegue. Hoje em dia, não existem apoios monetários para quem pratica esta e outras modalidades motorizadas. No entanto, considera que os tempos estão bastante difíceis derivado à crise pandémica que assolou o mundo e à guerra que ainda assola. 

O lousadense faz muitos esforços para corresponder a todas as corridas. Ademais, este ano já conseguiu fazer uma corrida do campeonato de Espanha que se realizou no nosso país. Todavia, não a terminou devido a problemas mecânicos.  

Na entrevista, Daniel referiu que este ano vai levar ainda mais a sério as corridas, resultante de um contrato que assinou. Uma equipa da Amadora, em Lisboa, a Pequenos Motos, fez uma proposta ao piloto e este optou por gastar mais um pouco e realizar a época toda junto à mesma. Inicialmente, fez uns treinos em 2021 e, neste ano vigente, após a proposta acabou por assinar contrato. O ambiente de familiaridade, a exigência, as histórias… foram motivos que o levaram a tomar essa decisão. 

Uma equipa de referência, na medida em que já fizeram parte da mesma Miguel Oliveira e Ivo Lopes. Daniel tenciona evoluir, pois considera que é totalmente diferente estar numa corrida com uma equipa de renome e habituada a todo o tipo de situações dentro do meio. “Estou super contente”, evidencia sobre a sua escolha. 

O objetivo é fazer a época toda. Daniel já fez as duas primeiras corridas que as designa de aperfeiçoamento e testagem. Agora, na terceira corrida, que acontecerá nos dias 9 e 10 de julho, tenciona dar tudo. “Quero ir ao pódio”, sublinha. 

Sempre que vai a algum pódio transporta a bandeira de Lousada e, além do mais, transporta a sua estimada localidade no coração. Em 2019, quando venceu, as primeiras palavras foram: “a taça vai para Lousada”. O sentimento é grande quando se conquista e alcança o objetivo pessoal, mas Daniel salienta o orgulho na representação do povo da terra. “Infelizmente, a maior parte das pessoas desconhece esta prática”, declara. Deste modo, apela para que os lousadenses acompanhem mais e prestem mais atenção aos pilotos e à modalidade. 

Para chegar ao propósito é fundamental estar bem fisicamente. Daniel treina 7 dias por semana, pois sente a necessidade de estar bem a nível físico. Além disso, 1 dia por semana treina com a mota, sobretudo, em kartódromos mais pequenos. “Metade deste desporto é físico”, sustenta. Aliar os treinos com uma alimentação saudável é o que faz e procura evitar o álcool.

Quando interrogado sobre o balanço do seu trajeto, afirma que este foi paulatino e bastante positivo. Começou sem experiência, apenas com a curiosidade de descobrir esta modalidade, e, neste momento, pertence a uma grande equipa. “Eles incutem responsabilidade em mim e estimulam-me bastante“, explica. 

Daniel denota o excelente fair play na modalidade, em comparação a outros desportos que não aplicam esta filosofia. De acordo com o próprio, no final todos se cumprimentam e ninguém pretende melindrar nenhum adversário. 

Quanto às perspetivas de futuro, o lousadense pretende ser campeão nacional, pelo menos, daqui a dois anos. Aperfeiçoar a técnica, baixar os tempos, ser mais rápido … são planos que aufere. “Aliando o meu empenho e dedicação à equipa com que estou, o objetivo só pode ser esse”, finda Daniel Soares. 

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