Foi um destacado artesão de cestaria, que presidiu e ajudou a fundar a Lousaofícios – Cooperativa de Artesanato de Lousada, criada em 2008. Ficou eternizado na bonita fotografia (de Carlos Ribeiro “Rocha”) da capa de uma obra importante publicada sobre o concelho, “Lousada – Terra Prendada”, da autoria da Anégia Editores. Pessoa afável e de fino trato, tinha uma grande paixão pelo artesanato, pelas tradições e por Lousada, que representou em mais de uma centena de feiras de artesanato locais, regionais e nacionais.
António Peixoto de Magalhães era natural de Nespereira, mas também viveu em Lodares, nos primeiros anos de casado, no início da década de 1950, tendo voltado para Nespereira em 1965 ou 1966. Aprendeu a arte de cesteiro com o pai, produzindo quase quase todos os utensílios e acessórios que o vime pudesse proporcionar para os trabalhos da lavoura, desde cestos, cestas de vindima, açafates, etc.
Numa entrevista que lhe fiz para o jornal Terras do Vale do Sousa de 3 de Abril de 2008, referi na ocasião que se tratava de uma lenda vida do artesanato. O caso não era para menos, pois era na ocasião o artífice mais antigo em atividade e com um currículo ímpar. Nessa entrevista afirmou com saudade e orgulho: “aos 10 anos já ajudava o meu pai, a preparar as canas e a madeira (…), e certo dia aproveitando uma ausência prolongada dele, meti-me a fazer cestos e até ao regresso dele fiz quatro. Estavam tão bem feitos que foram incluídos numa encomenda da mais importante indústria agropecuária de Lousada, a Quinta da Tapada”.
Com a expansão dos artigos em plástico, a profissão de cesteiro deixou de ser rentável em termos económicos, perdendo a importância que até então tinha. Naquela entrevista referiu a esse propósito: “cheguei a trabalhar de sol a sol, muitas vezes, para poder satisfazer as muitas encomendas dos fregueses, mas agora o plástico veio estoporar as artes todas”.
Embora continuando a produzir as peças essenciais para a agricultura, começou a trabalhar mais para exposições e exibição em feiras e menos para encomendas.
“Ele colocava a sua paixão pelo que fazia em todos os eventos em que participava”, afirma o filho Agostinho, que muitas vezes o acompanhou em diversas feiras de artesanato locais, regionais e nacionais. A presença de António de Peixoto Magalhães nesses eventos era muito apreciada pelos visitantes, que destacavam nele a honestidade e a competência na sua arte de cesteiro.
“Ser capa de livro foi um dos acontecimentos mais marcantes da sua vida, não esquecendo também a criação da cooperativa de artesanato “Lousaofícios” da qual foi o primeiro Presidente, bem como a sua aparição em várias entrevistas em rádios e jornais locais”, declara aquele filho, que sublinha também como um dos momentos mais importantes da vida do seu pai “quando recebeu, em 2017, a Medalha de Prata de Mérito Municipal”.
Figura tão carismática não podia ter faltado na televisão e por isso foi com naturalidade convidado para programas televisivos entre 1996 e 2002, nomeadamente na “Praça da Alegria” (RTP1) e na TVI, com Luís Goucha.
Foi membro do Rancho Folclórico “Flores da Primavera” de Nespereira e adorava lançar foguetes nas festas, tendo sido durante muitos anos, o representante da empresa de pirotecnia Pontes em Nespereira e freguesias vizinhas.
António Peixoto de Magalhães nasceu a 30 de Janeiro de 1927 e faleceu a 5 de Dezembro de 2018. Foi casado com Glória da Rocha Moreira, falecida há cerca de um ano, em 12 de Outubro de 2021. Tiveram os seguintes filhos: José Moreira Peixoto de Magalhães (70 Anos); António Augusto Moreira Peixoto de Magalhães (69 Anos); Maria Justina Moreira Peixoto de Magalhães (66 Anos); Agostinho Moreira Peixoto de Magalhães (63 Anos); Maria Fernanda Moreira Peixoto de Magalhães (60 Anos); Maria da Conceição Moreira Peixoto de Magalhães (58 Anos); e os trigémeos com 48 anos António Orlando Moreira Peixoto de Magalhães; Manuel Moreira Peixoto de Magalhães e Carlos Alberto Moreira Peixoto de Magalhães.
Orgulho de ser sobrinha de um ícone da nossa lousada , só o conheci em 1998 devido a morar no Brasil , mas foi paixão a primeira vista , Grande artista , bom ser reconhecido , ser capa de livro , era com muito orgulho que falava isso .
Não podia ficar indiferente a esta crónica no dia em que passam 5 anos que faleceu o meu pai, obrigado Lousadense.