A Ourivesaria Neto é o estabelecimento comercial mais antigo da Vila de Lousada e foi fundado em 1864, por Serafim da Silva Neto, que o passou ao filho Joaquim e deste passou para o neto António Manuel da Silva Neto, que nasceu em 10 de Novembro de 1916 e faleceu em 30 de Abril de 1994. Este foi o fundador do estabelecimento que se situa na Praça da República, em 1964, numa cerimónia que contou com a Banda Musical de Louzada
Os pais de António Manuel da Silva Neto chamavam-se Maria Carneiro Leal e Joaquim da Silva Neto e tiveram mais onze filhos: Amélia, Emília, Serafim (que morreu com dois anos de idade), José Carlos, António, Adriano, Maria Albertina, Serafim, Maria do Carmo, Maria Cristina e Manuela Custódia, todos já falecidos.
Casou com Maria Rosa Ferreira de Magalhães e tiveram duas filhas, Margarida Maria Magalhães da Silva Neto e de Maria Teresa Magalhães da Silva Neto. Foi avô de quatro netos: Alexandra, Gonçalo, Bernardo e Manuel.
Não dizia que não aos pedidos de apoio de algumas coletividades, designadamente da Banda Musical de Louzada, pela qual nutria uma simpatia e um carinho inolvidáveis. A relação de amizade entre aquele Louzadense e a filarmónica local proporcionou por exemplo que a mesma tivesse atuado na comemoração do centenário da Ourivesaria Neto.
É de referir que esse acontecimento foi motivo para a primeira reportagem fotográfica na imprensa local, tendo o Jornal de Louzada pela primeira vez dado à estampa várias fotografias de um evento local. Nessas fotografias vislumbra-se claramente o padre António Sousa benzendo as instalações na Praça da República, ao lado de António Manuel da Silva Neto e outras personalidades da época, como era o caso do presidente da Câmara Municipal, Joaquim Burmester de Abreu Malheiro, da Casa da Costilha, que foi fotografado no ato simbólico da abertura da porta. Nessa edição lê-se: “No dia 1 de Janeiro de 1964 as cerimónias comemorativas do Centenário começaram com uma Missa, às 12 horas, na Capela do Senhor dos Aflitos, em sufrágio dos antecessores: Serafim da Silva Neto, Joaquim da Silva Neto e D. Maria Carneiro Neto Leal. De seguida foram inauguradas as novas instalações, na Praça da República, tendo o Sr. Manuel da Silva Neto solicitado ao Presidente da Câmara, Joaquim Burmester Malheiro, que procedesse à abertura simbólica da porta. A este ato compareceu de surpresa a Banda Musical de Louzada, que interrompeu a sua prestação numa romaria, para abrilhantar a iniciativa de um reconhecido amigo e apoiante da filarmónica lousadense, como o era o Senhor António Manuel da Silva Neto (…)”.
Além da Banda Musical e da Festa Grande, também os Bombeiros Voluntários de Louzada, a Associação Desportiva de Louzada e a Adega Cooperativa de Louzada tiveram o ensejo de contar regularmente com o patrocínio daquele industrial e comerciante de ourivesaria.
Na Assembleia Louzadense, António Manuel da Silva Neto foi tesoureiro da direção, na década de 1960, durante a presidência de Manuel José Guedes de Sousa Magalhães, de quem era muito amigo, num elenco que integrava ainda Artur Peixoto Amorim, António Ildefonso dos Santos e Arnaldo Ferreira. No desempenho daquele cargo denotou as maiores capacidades de gestão financeira, cargo que desempenhou igualmente na Associação Desportiva de Lousada, onde também foi presidente da direção, na época de 1952-53.
Era um bairrista discreto, mas fervoroso. Disso se notou nos sucessivos contributos que deu à Festa Grande. No livro alusivo ao centenário desta festividade anual da Vila de Louzada lê-se: “Nos anos 60 e 70 as festas esmoreceram. A crise económica acentuou-se em finais da década de 1960 e na primeira metade da década de 1970, ao mesmo tempo que a instabilidade política também vigorou, pese embora a transição para a democracia. Anos houve em que as festas estiveram quase para não se realizar ou realizaram-se sem o brilho de outros tempos. (…) Nesta época a Festa Grande era realizada por grupos informais de cidadãos e por firmas que por vezes tomavam conta da empreitada (…)”. Entre esses apaniguados estavam por exemplo José da Silva Valinhas Cerdeira, Joaquim José da Silva Valinhas, Domingos Ferreira, Manuel Afonso da Silva e António Manuel da Silva Neto”.
Se formos averiguar junto de concidadãos que privaram de perto com António Manuel da Silva Neto, depressa se conclui que este foi um Louzadense pautado por princípios como a honestidade, a alegria, a bondade, a amizade e a serenidade.
Ramiro Gomes e António Maria Bessa Ferreira, dois decanos da Ourivesaria (e Ótica) Neto, elogiam aquele que foi para eles “mais que um patrão, foi um pai, um padrinho, um guia, um mentor, enfim foi tudo”, declaram.
António Maria foi trabalhar para a Ourivesaria Neto em 1950, com doze anos de idade, “ainda a Ourivesaria estava no Largo da Esperança, precisamente onde até há pouco tempo esteve instalado o Banco Barclays e desde então até falecer, em 30 de Abril de 1994, o Sr. Neto foi um homem extraordinário e um patrão exemplar”.
Era também uma pessoa muito religiosa, mais concretamente um católico praticante. Partiu em paz. Deixou um legado de renome e uma imagem impoluta de seriedade e solidariedade.
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