Muito estimado em Lousada, este cidadão ficou conhecido como “Meireles do Fundo de Desemprego” por ter trabalhado naquele serviço socioprofissional do Estado. Nasceu na freguesia de São Nicolau, no Porto, a 10 de Agosto de 1913 e faleceu a 1 de Dezembro de 1998 na freguesia de Cedofeita , também no Porto. Dedicou grande parte da sua vida adulta a Lousada, onde ajudou imenso a Associação Desportiva e outras coletividades.
Era filho de António Leite Pereira de Meireles, médico e diretor clínico do Hospital de Lousada nas décadas de 1930 e 1940, e de Laurinda Guedes Ferreira de Azevedo.
Desde criança passava muito tempo na Casa do Outeiro (Santa Marinha de Lodares) onde viviam o seu pai e os avós paternos.
Estudou no Colégio de Nossa Senhora do Carmo, em Penafiel, e como ex-aluno participou em todos os Encontros Anuais.
Já adolescente, empregou-se no Porto, na área do comércio. Regressou a Lousada, ainda jovem e viveu com o seu pai e sua madrasta, Palmira Olímpia da Silva Melo Meireles, que foram professores e diretores do Colégio Lousadense, com morada na rua Visconde de Alentém, onde acaba de ser construído um moderníssimo edifício precisamente batizado com o nome daquela maestra, pianista, encenadora e professora natural de Vila Real e que se radicou em Lousada onde deixou obra e fez história.
Também António Abílio Meireles teve sempre uma grande paixão e um bairrismo extremo por esta terra que adotou como sua, não só por aqui ter vivido, mas sobretudo por se ter enamorado de Maria das Dores Pires Teixeira da Mota, filha de um ilustre lousadense, José Teixeira da Mota, fundador do Jornal de Lousada.
O facto das famílias Meireles e Teixeira da Mota conviverem muito de perto, até por serem vizinhos, contribuiu para a aproximação entre os enamorados.
Em 1942, ingressou na Função Pública, como funcionário do Comissariado do Fundo de Desemprego, em Felgueiras, sendo mais tarde colocado no concelho de Lousada.
Em 23 de novembro de 1944 na Igreja de Silvares, realizou-se o enlace matrimonial, do qual nasceram duas filhas, Maria das Dores da Mota Pereira de Meireles, casada com o Engº e Professor Universitário José António de Bessa Pacheco e Maria Palmira da Mota Pereira de Meireles.
Da sua vivência com muitos lousadenses, António Meireles criou inúmeras amizades e esteve ligado à fundação, em 1948, da Associação Desportiva de Lousada, e à oficialização do clube na Associação de Futebol do Porto, numa iniciativa de um grupo liderado por António Dâmaso Teixeira Pinto.
Foi o sócio número 1 e um adepto apaixonado que não parava de chutar ao ver os jogos. Fez parte de diversos cargos diretivos do clube, nomeadamente na Mesa da Assembleia Geral e da Direção, onde esteve em cinco mandatos consecutivos, como secretário e vice-presidente.
Transportava jogadores num sidecar
Nos inícios dos anos 1950, os automóveis não abundavam. Daí que se tornava difícil organizar o transporte de todos os jogadores do Lousada quando a equipa se deslocava fora. Então, António Abílio Meireles, que tinha uma moto Matchless com sidecar, encarregava-se de transportar, em viagens sucessivas, vários atletas que não conseguiam lugar nos poucos automóveis disponibilizados entre os associados. A par disso, levava grandes quantidades de chá preto, bem forte, feito em sua casa, para hidratar os jogadores e lhes conferir mais energia, pois era a bebida energética possível.
Também foi associado e um fervoroso adepto do Futebol Clube do Porto.
Foi ainda membro de algumas direções da Sociedade Recreativa de Instrução Lousadense de Lousada, da qual foi frequentador assíduo.
Frequentava o Café Avenida, no tempo do seu fundador, Joaquim Maria Fernandes, participando nas tertúlias que lá se organizavam entre as forças vivas da Vila.
Em 1978 pediu transferência para o Comissariado do Fundo de Desemprego do Porto, depois dele e a sua esposa terem ido viver para a casa da filha Maria das Dores, na Maia, tendo-se aposentado em 30 de Maio de 1981.
Mesmo aposentado, primava sempre pelo bem-vestir, sendo para ele o fato e gravata praticamente de uso obrigatório.
Mesmo residindo fora de Lousada, nunca deixou de participar nos convívios aqui organizados para homenagear amigos como se pode ver nesta foto num dos almoços de confraternização, na Assembleia Louzadense, em 1971. Nesta fotografia António Meireles (à esquerda) está acompanhado por Adão José Alves Moreira (chefe da Repartição de Finanças), António Vieira Monteiro (comandante do Posto da GNR) e Joaquim Magalhães (chefe mecânico da Garagem Lousadense).
A terminar, faço aqui um agradecimento à filha Maria das Dores da Mota Pereira de Meireles e ao genro José António de Bessa Pacheco, pela colaboração gentilmente prestada.
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