por | 7 Mai, 2023 | Grandes Louzadenses

José Moreira de Sousa: O Homem que Dignifica o Trabalho

“Considero Lousada como casa e tenho muito orgulho em morar cá”

José Moreira de Sousa, de 72 anos, nasceu e cresceu em Beire (freguesia portuguesa do município de Paredes), mas sente Lousada como um filho que nesta nasceu – “casa”. Trabalhou na agricultura, porém, a vida reservou-lhe outros negócios. Em 1990 fundou a Lousacapotas que completa 33 anos de qualidade e excelência. Conheça o homem trabalhador e dedicado. 

“Os meus pais eram agricultores”, principia. Por conseguinte, José e os 6 irmãos trabalharam no campo e, neste sentido, a sua infância foi passada a ajudar os progenitores. Frequentou o 1º ciclo do ensino básico numa escola situada em Beire, Paredes, tendo ficado por esta escolaridade devido à falta de paixão por estudar e também à falta de possibilidades. 

Na sua adolescência continuou a auxiliar os pais, dado o enorme respeito que nutria pelos mesmos. Apesar de uma vida marcada pelo trabalho, a partir dos 15 anos, começou a sair ao fim-de-semana um pouco com os seus amigos para noitadas e festas pois à semana ficava apenas pelo campo. 

Aos 17 anos começou a namorar e, ainda hoje, continua com a menina de outrora que, passado uns anos, tornou-se mulher e mãe dos seus filhos. Aos 22 anos foi cumprir serviço militar obrigatório e, a partir de 6 de fevereiro de 1973 (data de entrada na Tropa), deixou o trabalho na agricultura. 

José esteve 17 meses em Portugal e 10 meses em Moçambique, cumprindo  27 meses na Tropa. Segundo o próprio, assentou a praça em Espinho e, de seguida, foi fazer especialidade em Lisboa no Hospital Militar Veterinário. Entretanto, deu-se o 25 de abril e foi mobilizado para Moçambique, tendo regressado em maio de 1975. 

Como referido, voltou em abril de 1975 e em dezembro de 1975 casou com a sua mulher que também é natural de Paredes. “Os meus pais eram caseiros de uma Quinta em Beire, onde nasci e cresci, sendo que aquando da vinda da Tropa passei a ser eu o caseiro”, sublinha. Em paralelo a ser caseiro, em 1978, abriu um negócio de comercialização de palhas e rações. 

“Abri a empresa em 1978, ou seja, 2 anos após tomar conta da quinta”, afirma. Esta consistia em comprar e vender palhas e rações para animais. Para mais, na época da castanha, comprava-a e vendia-a. No fundo, fez de tudo um pouco e percorreu o país de Norte a Sul. 

Entretanto, o cansaço fez-se sentir e decidiu mudar de horizontes. Corria o ano de 1990 quando decidiu fundar a Lousacapotas. Questionado acerca do porquê, de imediato, conta uma história caricata: “um dia precisei de comprar um toldo e fui a uma casa e achei muito dinheiro”. Devido a ter achado um excesso, começou a pensar seriamente em investir na área. 

Todavia, apesar da vontade, não tinha absolutamente nenhum conhecimento acerca da área. Muita procura, muita investigação … e chegou a contactar algumas pessoas com conhecimento com o intuito de fazer sociedade, porém, ninguém aceitou e lançou-se com a sua mulher no mercado. 

Aquando da fundação, ainda não habitava na vila, mas já tinha comprado uma casa nesta. Assim sendo, o nome surge derivado a este acontecimento. Inicialmente, a empresa situava-se junto à sua habitação em Cristelos. “Ao meio tinha um pavilhão onde iniciamos a confeção e os escritórios ficavam por debaixo da propriedade”, explica. 

Entretanto, após 10 anos de atividade, apareceu-lhe um negócio e comprou um terreno em Figueiras onde a Lousacapotas se mantém atualmente. Os automóveis ligeiros foram colocados de parte e dedicou-se exclusivamente aos ligeiros de mercadorias e pesados.

“Comecei a empresa com 8 funcionários, incluindo eu e a minha mulher, e, hoje em dia, esta alberga 42 funcionários”, declara. Após esta declaração, denota-se o crescimento exponencial que a Lousacapotas sofreu dado o trabalho, esforço e sacrifício empregado desde o começo. 

De acordo com o próprio, o crescimento deve-se ao trabalho e sinceridade para com toda a sociedade e clientes. Servir os clientes, devidamente, com o melhor que sabem e podem é o lema deste negócio que continua a vingar dia após dia. 

José continua a ir todos os dias para a empresa e acompanha de perto todo o movimento, porém, os seus filhos já têm autonomia e total liberdade para comprar e vender. No fundo, os seus 3 filhos, estão a desenvolver o negócio sobre a alçada do pai. 

“Não era uma área que dominava mas, atualmente, é uma área que gosto de paixão”, salienta. Interrogado sobre os conselhos que daria a jovens empreendedores, de imediato, adianta a sinceridade e honestidade para vingar na vida profissional como na vida pessoal. 

Passando para o lado mais sentimental, em 2017, comprou a quinta na qual nasceu e foi caseiro no início da sua vida. Naturalmente, a compra vai além do material, pois o significado transcende. “É um sítio lindo, onde tenho muitas memórias. Contudo, arrependo-me de não a ter comprado mais cedo porque mantinha ainda mais recordações”, sublinha. Todas as semanas dirige-se à mesma e recorda-se de todos os momentos. 

Quanto às ligações ao associativismo, há muitos anos atrás, fez parte do executivo da Junta de Freguesia de Beire. Depois desta posição, nunca mais se envolveu em atividades de cariz social. 

José tem 6 netos e, conforme o próprio, o papel de avô é muito importante para si. “A família era unida, mas com a chegada de novos membros tornou-se ainda mais unida e próxima”, confidencia. Para mais, adianta que dá mais carinho aos netos que dava aos filhos pelas diferentes circunstâncias da vida, na medida em que existe mais tempo e disponibilidade para tê-los por perto.

Nos seus tempos livres, apesar de poucos, aproveita para dar uma volta com a sua mulher até Trás-Os-Montes, Alentejo, Espanha, Gerês … divertir-se com a sua família é o seu propósito de vida pois antes tinha uma vida monótona entre casa e trabalho. 

“Tenho respeito por toda a sociedade e espero receber desta o mesmo”, afirma.  No fundo, quem for honesto e íntegro respeita e é respeitado, sendo que neste aspeto não tem queixa pois sempre se sentiu um homem estimado. 

Há 32 anos José mudou-se para a vila e hoje afirma: “considero Lousada como casa e tenho muito orgulho em morar cá”. A localização, a beleza, as infraestruturas são mencionadas pelo empreendedor.

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