por | 17 Abr, 2020 | Saber(or) Saudável

COVID-19: O papel do Nutricionista no “vírus” da desinformação

Com a progressão deste flagelo a nível mundial, são cada vez mais as preocupações centradas na COVID-19, na luta contra o tempo, na procura de soluções e escapatórias.

O ser humano tem a necessidade de transmitir informações sobre o que comer e quando comer. Assim, no enquadramento que vivemos, com maior tempo para leitura e procura de informação, cruzamo-nos com informação de má qualidade, sem evidência científica, devido ao aparecimento dos mais variados comentadores e pseudo especialistas em nutrição, que sustentam as mais variadas soluções e teorias. Surge, na procura de informação e imunidade, a desinformação, suportando medos, angústias e comportamentos exacerbados.

Porém, à luz da evidência atual, que não é suficiente e inequívoca, não existem soluções mágicas, não há nenhum alimento específico ou suplemento alimentar que possa prevenir ou ajudar no tratamento da COVID-19. Portanto, shots de imunidade (de Erva Trigo), água morna com limão, suplementação de nutrientes (para o qual o doente não têm deficiência, nomeadamente, cápsulas de Vitamina C) e suplementos milagrosos, não tem qualquer suporte e evidências científicas. Tal, passível de verificação, pelo facto da Autoridade Europeia para a Segurança dos Alimentos (EFSA), ainda não ter identificado ou autorizado qualquer alegação de saúde a um alimento ou componente, adequado para prevenir infeções.

Importa, apaziguar e clarificar que, segundo a Autoridade de Segurança Alimentar e Económica (ASAE), a Organização Mundial da Saúde (OMS) e a Autoridade Europeia para a Segurança dos Alimentos (EFSA), até ao momento, não há evidência de qualquer tipo de contaminação através do consumo de alimentos cozinhados ou crus, sem evidência sobre a possibilidade de infeções devido à ingestão de comida. No entanto, devem por precaução reforçar as boas práticas de higiene e segurança alimentar, durante a manipulação, preparação, confeção e consumo dos alimentos.
No que reporta, à relação entre o aleitamento e a COVID-19, até ao momento, a evidência não sustém a possibilidade de transmissão da COVID-19 através do leite materno. Os benefícios da amamentação são superiores aos potenciais riscos de transmissão da COVID-19, não havendo indicação para suspender ou não recomendar a amamentação. As mães devem ser convenientemente informadas e esclarecidas, por forma, assegurar as boas práticas de higiene, com as devidas precauções, para evitar a transmissão da COVID-19 à criança, permitindo a amamentação ser mantida.

Relativamente, à relação entre o estado nutricional dos idosos e a COVID-19, é essencial, acautelar um bom estado nutricional e de hidratação, por se tratar de um grupo de risco, dado que, um estado nutricional desadequado agrava o prognóstico, consequentemente aumenta o risco de complicações e de mortalidade.

Esta pandemia requer mudanças de hábitos, de rotinas, resultante do isolamento profilático, que conduz a variações no comportamento de compra e de consumo de alimentos. Talvez, seja um momento oportuno, para refletir sobre os hábitos alimentares, com repercussões na saúde ou doença, na importância da alimentação saudável, equilibrada, variada e completa. Aproveitar o tempo livre para cozinhar de forma saudável, repensar no desperdício alimentar que reflete perdas económicas. Com a permanência em casa, por longos períodos (isolamento profilático), é relevante adequar a alimentação, quando existe uma diminuição da atividade física, assim como, uma redução da demanda energética por parte dos músculos, culminando numa diminuição do gasto energético. Mantendo a ingestão alimentar habitual há uma tendência para aumentar de peso, justificado pelo aumento da massa gorda, afetando de forma pejorativa a composição corporal.

Impera a necessidade do balanço entre a economia e a saúde. Cruza-se a informação com a desinformação. Permanece a importância de cada um de nós. Não é um problema dos outros, é nosso. Apontamos as culpas na falha da mitigação deste flagelo, sem hesitação, aos decisores políticos, porém, neste assunto, na saúde, todos nós somos responsáveis, temos um papel ativo e importante neste combate, cumprindo as diretrizes das autoridades de saúde.

Em causa a saúde e pela saúde, sejamos agentes de saúde pública.

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