Entre as feiras e os estudos, o futebol foi entrando na sua vida como terceiro plano. Com a bola sempre nos pés, foi mostrando o seu talento e garantindo o seu lugar em cada plantel por onde passava. Apostou na sua formação e carreira, deixou os estudos para trás e foi em busca do seu sonho: ser jogador de futebol. Atualmente, Pedro Moreira faz o que mais gosta com o símbolo do Futebol Clube de Arouca ao peito, emblema que subiu recentemente à Primeira Liga Portuguesa.
Filho de feirantes, a sua infância foi dividida entre as feiras, os estudos e os treinos. Cresceu em Nogueira e, mais tarde, mudou-se para Macieira, onde a família reside há vários anos. Pedro Moreira, de 32 anos, começou a dar os primeiros chutos na bola muito novo na AD Lousada, contra a vontade do pai.
À família, agradece os “valores da humildade e do compromisso” que sempre lhe passaram e fizeram dele o que é hoje. “E é isso que eu quero quando terminar a carreira do futebol, que me lembrem como um bom jogador, mas acima de tudo como uma boa pessoa, uma pessoa de grupo que toda a gente goste”, revela.

Da infância, recorda os dias que passava na feira a fazer “bolas com sacos de plástico” sempre que o seu pai se ausentava. “Aproveitava esse momento para jogar e quando ele regressava voltava para a tenda para trabalhar sem que ele se apercebesse”, brinca.
Jogo após jogo, golo após golo, foi percebendo, juntamente com os seus familiares, que poderia ter talento para chegar mais longe e decidiu, definitivamente, apostar na sua carreira. “E consegui fazer a carreira que tenho hoje, que pode não ser nada demais, mas para mim é. Acho que foi uma carreira bonita”, afirma.
“E consegui fazer a carreira que tenho hoje, que pode não ser nada demais, mas para mim é.”
Começou no clube da sua terra, onde esteve cerca de quatro anos. Em 2003 mudou-se para o Boavista Futebol Clube, onde fez toda a formação até 2012, estando emprestado, durante esse período, também ao Gil Vicente e Portimonense.

No primeiro ano de sénior, em 2012, foi contratado pelo Futebol Clube do Porto, onde representou a equipa B, durante duas épocas. Terminada esta ligação, assinou pelo Rio Ave Futebol Clube, por quatro anos.
Na época 2018/2019, representou o Hermannstadt, na Roménia. No Futebol Clube de Arouca está há cerca de um ano e meio, altura em que estava sem clube.
“Não aceitei logo de bom grado, porque era Campeonato Nacional de Seniores e tinha outras ambições, mas falei com a minha família, tentei perceber como era o clube, e falaram-me muito bem daquilo. Houve uma altura em que estava triste e desiludido com o futebol e o Arouca abriu-me as portas e felizmente as coisas correram bem”, conta.
De volta à primeira liga
No primeiro mês de contrato, o campeonato terminou devido à pandemia de covid-19 e o FC Arouca acabou por subir à 2.ª divisão. Ainda em 2020, começa a nova época, já na divisão acima, sendo que o objetivo era continuar a lutar por uma nova subida, desta vez à principal liga.
Na luta por um lugar na I Liga esteve o Futebol Clube de Arouca e o Rio Ave Futebol Clube, que se defrontaram no playoff de acesso.
“Foi complicado, [o Rio Ave] é um clube que me diz muito, onde fiz muitos amigos. Sempre me trataram muito bem. Foi difícil jogar contra eles, principalmente no segundo jogo, quando conseguimos a subida de divisão. Tentei manter o respeito e pedi aos meus colegas para que fizéssemos a festa em nossa casa, em Arouca. Muitos amigos que, mesmo tristes pela descida, mandaram mensagem a felicitar-me”, testemunha.
“Estou muito feliz por regressar à I Liga, que era um sonho que eu tinha.”
Contudo, o jogador admite estar “muito feliz por regressar à I Liga, que era um sonho que eu tinha. Não vou dizer que o Arouca era um clube que sonhava representar, mas o destino trouxe-me até cá. Penso que tive um dos anos mais felizes da minha vida”.

Na carreira, conta com 48 internacionalizações pela Seleção Nacional, nos escalões sub-16, sub-17, sub-18, sub-19, sub-20 e sub-21. “Está a faltar a Seleção A, mas sei que não vou conseguir, mas tenho orgulho no que fiz. Cheguei a ser capitão em alguns jogos dos sub-17”, orgulha-se.
Entre os sonhos, fica por terra o de jogar pela equipa A do FC Porto e o de jogar pela Seleção Nacional A. “Consegui jogar a Liga Europa, pelo Rio Ave, mas tenho o sonho de ouvir o Hino da Liga dos Campeões e esse ainda o mantenho vivo, ainda não desisti. Ainda acredito que possa acontecer, os restantes não”, termina.
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